domingo, 23 de setembro de 2012

     
             

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Desatendimento hospitalar




Desde os idos da década de 80,  quando eu fazia reportagens na rua, testemunhei muitas vezes a situação precária de hospitais públicos no Rio de Janeiro.
Mal remunerados desde aquela época, os profissionais de saúde, médicos inclusive, batalhavam por melhores salários. E a greve era a arma que encontravam para que suas reivindicações fossem ouvidas.
Do outro lado, vítima maior da injusta política salarial dos governos estaduais,  estava o povão doente e sem recursos, que,  se já era mal antendido com os hospitais funcionando, muito pior quando batia com a cara na porta nos dias de greve. Ao povão só restava aguardar a morte nas longas filas em busca de atendimento.
Em se tratando de Brasil, houve sem dúvida uma melhora na rede pública de saúde, mas insignificante em relação aos Estados fora do eixo Rio/ SP. Um exemplo disso é o que está acontecendo agora no Rio Grande do Norte.
O governo estadual teve que decretar calamidade pública nos serviços de urgência e emergência de todo o Estado “por causa da precariedade das instalações dos hospitais, greve dos médicos e falta de leitos”.
Mudou alguma coisa? Não, está aí a prova.
O problema se agrava na região com  a contaminação por superbactérias detectada no Hospital Estadual Ruy Pereira, em Natal.  Esse hospital, está na  reportagem do UOL,  foi inaugurado em outubro de 2010 com cerca de 85 leitos, especializado no atendimento a pessoas com problemas vasculares. Deveria ser um hospiatl de excelência, quando inaugurado, mas hoje, dois anos depois, se transformou em pesadelo para pacientes e profissionais de saúde.
Os profissionais ouvidos pela reportagem  disseram que o hospital Ruy Pereira não tem equipamentos adequados para tratar pacientes com infecções, o que leva à proliferação de bactérias de difícil tratamento. Denunciam ainda que, por falta de antibióticos,  dois pacientes morreram infectados pelas superbactérias.
O (des) atendimento da saúde pública leva ao desespero milhões de cidadãos brasileiros que não têm como  um seguro saúde e são proibidos até de passar na porta de hospitais privados, famosos por salvarem vida de ricos e famosos, inclusive chefes de Estado de países vizinhos.
São dois pesos e duas medidas: vive quem tem dinheiro. Morre quem é pobre. Simples assim.
É triste reconhecer que a saúde do povo brasileiro nunca foi e continua não sendo a prioridade de políticos e administradores. Miséria e doença andam juntas e a disparidade econômica está na origem de todos os males.
Enquanto isso, a imagem do Brasil é sucesso no exterior. De gigante adormecido, o país passou a ser a potência emergente, atraindo investimentos estrangeiros e capitais sem pátria que buscam apenas o lucro fácil.
Mas internamente, para o dia a dia do povão, as dificuldades são ainda imensas, o que nos lembra aquele velho ditado:" por fora bela viola, por dentro..."

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